A palavra whisky vem do gaélico uisge beatha ou usquebaugh, que significa água da vida. Não se sabe exatamente quando e onde foi criada essa bebida destilada feita de grãos, água e fermento, mas é fato que o primeiro registro é do whisky escocês, em 1494.
Desde então, o destilado conquistou o mundo. Hoje, temos a bebida sendo feita na Irlanda, Estados Unidos, Japão, Canadá… Mas o whisky escocês é único, tendo os produtores de seguir uma legislação rígida para garantia da qualidade.
Quais as características de um scotch whisky?
De acordo com as regras da SWA (Scotch Whisky Association), entidade criada para preservar o bom nome do whisky escocês no mundo, o scotch whisky deve ser destilado na Escócia a partir de quaisquer grãos. Caso seja em alambiques de cobre, com cevada maltada e em uma única destilaria, será um single malt. Caso utilize outros grãos (trigo, por exemplo) ou seja destilado em coluna, será um single grain.
Seja qual for o grão escolhido, a destilaria deve produzir uma espécie de solução açucarada – chamado mash ou mosto – com estes grãos. Esse mosto é produzido pela cocção destes grãos moídos em uma espécie de panela de pressão gigante, conhecida como mash tun.
Depois, o mash vai para um novo recipiente, conhecido como washback, onde recebe a levedura ou fermento. O processo de fermentação consome os açúcares contidos no mosto e os transforma em álcool. Nessa fase, adiciona-se também água. O resultado é um líquido semelhante a uma cerveja, com graduação alcoólica média de 8%.
Agora, é hora de destilar – processo que pode ser realizado em alambiques ou em um destilador contínuo. Seja qual for a escolha, após a destilação, que resulta em um destilado com teor alcoólico em volume inferior a 94,8%, a bebida deve ser maturada apenas em barris de carvalho de capacidade não superior a 700 litros. E muito importante: apenas na Escócia e por um período de pelo menos três anos.
O scotch whisky deve reter a cor, o aroma e o sabor derivados das matérias-primas utilizadas e o método de sua produção e maturação.
Nenhuma outra substância pode ser adicionada à bebida produzida além de água e corante simples de caramelo – que é usado apenas para padronizar a cor do whisky. Além disso, o teor alcoólico do whisky a ser engarrafado deve ser de, no mínimo, 40%.
O controle rígido da SWA na produção gerou resultados. De acordo com a entidade, atualmente a bebida está presente em 175 países ao redor do mundo e 42 garrafas são exportadas a cada segundo, totalizando mais de 1,3 bilhão a cada ano.
Tipos de de whisky: quais as diferenças entre single malt e blended?
O whisky escocês que é comercializado é dividido em duas categorias: Single Malt Scotch Whisky e Blended Scotch Whisky.
No caso do single malt, trata-se de um whisky cuja destilação foi realizada em alambiques de cobre, de apenas uma destilaria, com água e cevada maltada, sem adição de qualquer outro cereal. Neste caso, a bebida só pode ser engarrafada na Escócia.
Já o blended é um mistura de whiskies. Para essas combinações, são usados um ou mais Single Malt Scotch Whiskies e um ou mais Single Grain Scotch Whiskies. Ou seja, é a combinação de, ao menos, um single grain e um single malt.
O blended pode ser um Blended Malt Scotch Whisky, por possuir apenas Single Malt Scotch Whiskies, um Blended Grain Scotch Whisky, feito só com Single Grain Scotch Whiskies, ou apenas Blended Scotch Whisky, que é produzido tanto com whiskies single malt quanto com single grain.
Whisky 12 anos, 18 anos… O que significa a idade?
Uma das características do whisky escocês é a idade que pode estar presente no rótulo: 8 anos, 12, 18, 21, por exemplo.
Há a ideia de que, quanto mais velho o whisky, melhor, porém o número que aparece no rótulo é apenas uma informação sobre o tempo de maturação. Inclusive, há whiskies que não apresentam idade definida.
Segundo a legislação escocesa, a idade deve se referir apenas ao líquido mais novo presente na bebida. Ou seja, um blended de 18 anos, por exemplo, pode conter whiskies de diferentes idades, mas é certo de que o mais novo possui 18 anos.
No caso dos que não possuem essa informação no rótulo, a única certeza é a de que os líquidos ali presentes têm, ao menos, três anos de maturação, que é o tempo mínimo exigido pela legislação.
Sobre quanto mais velho, melhor, aí varia do paladar de cada pessoa. Não é regra que um whisky 18 anos é mais gostoso do que um de 12, por exemplo. Isso é mito. Whiskies muito defumados, por exemplo, são mais defumados quando mais jovens, porque o processo de maturação reduz a impressão de turfa – o composto que traz o sabor enfumaçado.
O aroma e sabor do destilado são possíveis a partir de uma série de processos, não apenas da maturação, e cada pessoa tem um gosto diferente. O melhor mesmo é experimentar para saber qual whisky escocês agrada mais.
E uma dica: não precisa guardar sua garrafa de whisky por muitos anos fechada para deixar a bebida melhor. Diferentemente do vinho, o whisky não amadurece na garrafa, apenas nos barris. Então, se você deixar fechada uma garrafa de whisky 12 anos por seis anos ou mais, por exemplo, a idade da bebida continuará sendo 12.
Localização da destilaria interfere no sabor do whisky
Como explicado anteriormente, o tempo de maturação é apenas um dos fatores que adicionam sabor ao scotch whisky.
A presença ou não de turfa no processo de fabricação, as matérias-primas utilizadas, o tempo de fermentação, o tamanho e formato dos alambiques e até mesmo a localização das destilarias interferem no resultado final.
As destilarias escocesas ficam tradicionalmente localizadas em cinco regiões do país: Lowland, Highland, Speyside, Islay e Campbelltown. Cada região de produção do whisky tem características distintas.
Ainda que existam várias exceções, os destilados produzidos em Lowland costumam ser mais suaves por conta da pouca ou nenhuma utilização da turfa, que dá a característica de defumado de alguns scotch whiskies. Por outro lado, as destilarias da região de Islay, das ilhas escocesas, são conhecidas justamente pelo aroma defumado, já que a turfa está presente em abundância na região.
Em Highland geralmente se produz bebidas mais intensas, com sabores frutados, doces, picantes e maltados. Já Speyside, uma pequena região que concentra grande parte das destilarias de whisky, produz bebidas mais frutadas, com notas também doces e picantes, mas incluindo baunilha.
Por fim, Campbelltown é a região com menor número de destilarias: apenas três, segundo o site do governo escocês. Ela foi, no começo do século 20, uma das principais regiões de produção de whisky. Mas, fatores econômicos e sociais fizeram com que poucas destilarias de lá sobrevivessem. Os whiskies costumam ter sabores frutados, defumados e doces.
Como tomar um scotch whisky?
As formas mais tradicionais de se tomar um scotch whisky são puro, com algumas gotas de água para ajudar na degustação ou, então, com gelo. Mas isso não é uma regra.
A própria Associação do Whisky Escocês afirma que, atualmente, esse destilado avançou o mundo e ganhou novas formas de ser apreciado. No caso da Espanha, por exemplo, é comum um drink que combina scotch whisky com refrigerante de cola. Já no Japão, eles não veem problema em adicionar bastante gelo, enquanto na China, a combinação é feita com chá verde gelado.
E há ainda coquetéis clássicos e centenários com a bebida. É o caso, por exemplo, do Old Fashioned, que leva bitter de laranja, torrão de açúcar, cereja e casca de laranja, além do próprio whisky escocês. A melhor forma de se tomar um scotch? É você mesmo quem vai dizer.