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Cozinhar, uma gostosa terapia

No dia a dia, a obrigação ou a falta de tempo podem até tirar o prazer e a vontade de preparar um jantar especial ou um almoço mais elaborado. Mas pode apostar: para muitas mulheres, cozinhar se tornou mais que uma necessidade – virou uma terapia. Testar receitas, escolher novos temperos, criar novidades ao fogão (e até dividi-las com todo mundo!)… Tudo isso ganha ares diferentes para quem aprendeu a ver na cozinha uma espécie de laboratório e até mesmo um divã moderno, onde quem está no controle é você.

O “clique” de que é possível, sim, ter bons momentos à mesa veio com o casamento para a economista Júlia Vasconcelos, de 28 anos. Adepta das refeições rápidas, ela acabou fazendo da cozinha seu lugar preferido na casa depois de começar a decorar o novo apartamento.

“Nunca fui de cozinhar, não sabia fazer um arroz que fosse. Mas passava tanto tempo em casa que comecei a sentir vontade de fazer algo diferente. Já estava enjoando de congelados“, brinca a moça. “Um dia fui ao mercado e resolvi que ia fazer salmão ao molho de maracujá. Sem nunca ter feito! Peguei a receita com a minha mãe, fiz, ficou ótimo e, desde então, tiro os domingos para experimentar novidades. Claro que durante a semana não dá tempo de preparar nada especial, é só o básico. Mas os domingos são terapêuticos para mim. Já gastei muita energia acumulada sovando massa de pão”, completa a economista.

Tão bom quanto ver que os convivas gostaram da comida é saber que outras pessoas reproduziram a receita, que deu certo, que suas famílias e amigos comeram e repetiram, que passaram momentos agradáveis

Prima de Júlia, a professora Fernanda Rocha, de 33 anos, resolveu olhar o antigo caderninho de receitas da família depois da morte da avó, há cinco anos. Descobriu um apanhado de dicas e até observações espirituosas feitas pela senhorinha. “Era um momento difícil e a leitura do caderninho da minha avó me fez muito bem. Achei que deveria homenageá-la e fazer uma receita que fosse. Fiz a primeira, a segunda, e não parei mais. Hoje eu mesma faço anotações no caderno e faço questão de passá-lo para a minha filha, que tem só cinco anos, mas que já gosta de me ajudar”, conta a moça.

TESTE: VOCÊ SE ENTENDE NA COZINHA?

Para a jornalista Fernanda Zacchi, não basta cozinhar: o prazer se completa quando é dividido. À frente do blog Dadivosa, Fernanda começou a se aventurar na cozinha, acredite, aos nove anos, quando trocava os desenhos animados pela maravilhosa cozinha de Ofélia na TV. Do primeiro prato (um macarrão com carne assada de panela) até hoje, não faltaram receitas em sua vida.

“Hoje posso dizer que cozinhar é quase uma ‘medida higiênica’ para o cérebro, sabe? Algo que faço constantemente e que me ajuda a recuperar as forças, organizar as ideias e me divertir, mesmo quando as coisas não saem conforme o planejado”, revela a moça. “Tão bom quanto ver que os convivas gostaram da comida é saber que outras pessoas reproduziram a receita, que deu certo, que suas famílias e amigos comeram e repetiram, que passaram momentos agradáveis”, teoriza Fernanda, que atualmente vive na Espanha.

“Para mim, cozinhar é a melhor das terapias”, garante Faby Zanelati. Nascida em uma família de cozinheiros, Faby trabalha em uma agência de marketing digital em São Paulo – mas não abandona suas receitas. Ao lado da amiga Kátia Najara, ela criou, há quatro anos, o blog Rainhas do Lar (www.rainhasdolar.com). É lá que, além de compartilhar suas criações, ela também recebe palpites de outras moças igualmente prendadas – e felizes.

“Cozinhar pra mim está 100% relacionado a prazer. Gosto de testar novas receitas, mas minha praia mesmo é seguir ‘viagem solo’ (risos). Gosto de eu mesma criar os meus pratos, inventar na hora… Cozinhar é meio que uma alquimia, e eu curto essa descoberta”, explica a moça. “Mesmo quando escolho uma receita para fazer, quase sempre ela me serve como inspiração porque, no fim, acabo quase sempre fazendo uma receita diferente daquela que comecei! E dividir as receitas com as leitoras é uma continuação do prazer que tenho de cozinhar”, completa Faby, que revela suas últimas experiências gastronômicas preferidas: o nhoque Ana Forte, do chef Claude Troisgros, o pão de ervas (dica de Andréa Espínola, leitora do “Rainhas do Lar”), e o green curry, da chef Rita Lobo.