BDM- Em relação à história. Sabemos que a cultura dos alimentos evolui como a sociedade. O que o azeite representou para as sociedades antigas?
Rosa – Isso tudo está no meu livro. Resumindo: o azeite está na cultura mediterrânea de forma tão entranhada, tão essencial, que seu uso remonta às lendas greco-romanas. Mais que cultura de subsistência, próspero agronegócio, atualmente, possuir oliveiras para extrair seu azeite prestigia e valoriza a tradição das famílias mediterrâneas, especialmente do interior.
Os azeites condimentados estão na moda – são práticos e saborosos, mas obtidos com essências de ervas (pimentas, trufas etc.). São mais saborosos quando feitos em casa, em pequena quantidade, com as ervas frescas amassadas e infusionadas no azeite
BDM – Dá pra gente afirmar que determinados alimentos, como o azeite, transcende os “modismos”? Como você vê as tendências em alimentação hoje?
Rosa – Acredito que, hoje, a tendência é buscar alimentos saborosos, nutritivos e saudáveis, tudo no mesmo prato, na mesma harmonização de ingredientes, na mesma refeição. O azeite é um alimento nobre, saboroso e nutritivo, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas em universidades da Europa, América e África, para atestar suas qualidades nutricionais. Portanto, perfeito na alimentação moderna, mais consciente – assim como tem sido há séculos…
BDM – Há algum rito ou gafe que você presenciou na Itália em relação ao consumo do azeite em algum alimento, ou de determinada maneira? Como eles veem os azeites aromatizados?
Rosa– Nenhuma gafe. Consomem azeite há milênios! Os azeites condimentados estão na moda – são práticos e saborosos, mas obtidos com essências de ervas (pimentas, trufas etc.). São mais saborosos quando feitos em casa, em pequena quantidade, com as ervas frescas amassadas e infusionadas no azeite – que é então guardado na geladeira e utilizados durante alguns dias.
BDM – Pra finalizar, como você analisa o consumo de azeite no Brasil e quais os fatores que impulsionaram esse consumo?
Rosa – O Brasil começou a importar azeites, em maior quantidade, há dez anos, na década de 90. Atualmente está fazendo bonito no ranking de importadores, ocupando o quinto lugar no mercado: com a Austrália, torna-se o quarto maior importador de azeites, 35 mil toneladas na prévia do binômio 2008-2009; bem atrás, entretanto, dos Estados Unidos, maior importador, com 250 mil ton, da própria Itália, 135 mil ton. e da Espanha, que importa 45 mil ton.
O mercado brasileiro supera o canadense (com importação de 31 mil ton.) e o japonês, atualmente comprando 29 mil toneladas de azeites do Mediterrâneo, de acordo com o International Olive Oil Council (IOOC).
Serviço:
Título: Um fio de azeite- No cenário da Úmbria e da Toscana
Autora: Rosa Nepomuceno
160 páginas
Preço: R$ 42,00
Onde encontrar: Editora Casa da Palavra